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SANTOS PAVILHÕES

          Para comportar seus mais de 400 internos, o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Pernambuco conta com a estrutura de 9 pavilhões, nos quais os pacientes são divididos de acordo com diversas categorias. Nesses locais, onde os internos dormem, tomam banho e em que alguns passam a maior parte do tempo, não é permitida a entrada de quase ninguém. Somente alguns funcionários e os próprios internos podem circular pela área dos pavilhões. Não é possível visualizar esse local de nenhuma das áreas de convívio do HCTP.

 

Pavilhão da Recuperação

 

          É o local onde ficam os internos que estão doentes. Quando se recuperam, os pacientes voltam ao seu pavilhão de origem. Há outros internos, no entanto, que têm doenças complicadas e por isso já são quase fixos do pavilhão da Recuperação. Internos que foram machucados por outros ou acidentalmente também ficam nesse local, que atualmente tem 25 residentes.

 

Pavilhão Santa Bárbara

 

          É o pavilhão das poucas mulheres do HCTP. São ao todo 27 residentes que encontram sua privacidade longe do convívio com os homens.

 

Pavilhão São Francisco A e São Francisco A2

 

          O Pavilhão São Francisco A é onde ficam alguns dos internos provisórios - aqueles que ainda não foram julgados ou esperam laudo dos psiquiatras. Normalmente esses pacientes provisórios passam apenas 10 dias no pavilhão até serem transferidos para outro. O São Francisco A também é onde se encontram alguns internos de convívio trancado, ou seja, que não podem sair dos pavilhões. Isso não quer dizer que não possam receber visitas. No São Francisco A2 se encontra outra parte de internos provisórios e também internos de convívio aberto, ou seja, que podem sair de suas celas e realizar algumas atividades. Ao todo os dois pavilhões têm, juntos, 65 residentes.

 

Pavilhão São Francisco B

 

          Comportando internos de convívio trancado, o São Francisco B é quem recebe os internos que acabaram de chegar e passarão por triagem. Nesse tempo inicial de observação, o paciente não recebe visitas. É o momento em que a documentação será analisada, bem como o comportamento do interno, a fim de determinar que tipo de comportamento ele tem e se apresenta ou não perigo para si mesmo e para os outros. Feita a triagem, o interno encontra outro pavilhão. O São Francisco B também é onde se encontram pacientes que estão em isolamento, o que é uma condição temporária e que ocorre devido a algum tipo comportamento que coloca a si ou ao outro em perigo. O pavilhão tem 65 residentes.

 

Pavilhão São Lucas A

 

          É onde se encontram os internos que já estão cumprindo medida de segurança, ou seja, aqueles que já foram julgados e condenados e cujos laudos psiquiátricos comprovaram a existência de algum tipo de transtorno mental. É um pavilhão de convívio aberto que abriga 49 pessoas.

 

Pavilhão São Lucas B

 

          Comporta os internos em medida de segurança e de convívio aberto. Tem ao todo 53 residentes.

 

Pavilhão São José A

 

           É onde ficam alguns dos internos provisórios de convívio aberto. Tem 69 residentes.

 

Pavilhão São José B

 

          É o pavilhão dos internos que já receberam alvará de soltura, mas ainda se encontram no HCTP pela dificuldade de contato com a família ou pela falta de vagas em residência terapêutica. Também é onde ficam os internos concessionados, que são aqueles que trabalham no Hospital de Custódia. Os trabalhadores são escolhidos pelas condições que apresentam de realizar alguma tarefa e pelo estado do seu transtorno mental. O fato de já saber fazer alguma atividade também ajuda na hora da escolha. Os chaveiros, por exemplo, são internos que manuseiam objetos cortantes e por isso ficam sempre sob supervisão. Muitos deles já sabiam exercer o ofício antes de chegar ao HCTP. Com o transtorno psicológico controlado, os internos são aptos para realizar as tarefas. Caso apresentem algum comportamento violento, os internos podem ser retirados do trabalho. O serviço na cozinha, no entanto, como exige o uso de facas e regras de higiene que muitas vezes são difíceis de serem trabalhadas com os internos do HCTP, é realizado por detentos de outras unidades prisionais. Todos os internos concessionados recebem salário. O Pavilhão São José B tem 51 residentes.

 

          Todos os pavilhões recebem nomes de santos católicos. Isso porque quem batizou cada um deles foi um técnico de enfermagem chamado Manuel Crispino. O técnico era um homem muito católico e perpetrou sua fé nos nomes dos pavilhões do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Pernambuco.

          São esses pavilhões que abrigam histórias como a de Daniel*.

          Equipado com cadeiras e instrumentos de som, como microfones, bateria e guitarra, o local ecumênico do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Pernambuco (HCTP-PE) é de responsabilidade dos internos. Daniel*, que é evangélico, é o principal responsável pela capela da Instituição. Além de cuidar da estrutura física do local, o interno conta que algumas vezes realiza pregações para outros pacientes. Com três reincidências, Daniel* está perto de conseguir seu alvará de soltura.

          “Hoje eu tenho uma mentalidade diferente. Eu achava que não precisava de remédio, porque Deus ia me curar. Hoje eu entendo que preciso da minha medicação. Deus só vai me curar se Ele quiser. Preciso do lado espiritual, mas também dos meus comprimidos”, conta o interno, que tomava 11 medicações e hoje conseguiu reduzir o número para quatro. Sem os remédios, que são administrado de manhã e de noite, Daniel* explica que não dorme direito.

          Antes de chegar ao HCTP, Daniel* passou primeiro pelo Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel) e depois pelo presídio Aníbal Bruno, até que fosse constatado o seu transtorno mental. “Comparado com outros presídios, aqui (HCTP) é um paraíso”, comenta ao lembrar que nas outras unidades penitenciárias não recebia o tratamento adequado. Os remédios, quando eram administrados, o eram apenas uma vez ao dia e os responsáveis por fazê-lo chegavam aos pavilhões gritando “Olha o remédio do louco!”.

          Prestes a ser liberado, Daniel* tem planos de se casar. Passou três vezes pelo HCTP recebendo apenas visitas da mãe. Conheceu a futura esposa no HCTP enquanto ela visitava outro interno. Se apaixonaram e estão esperando o alvará de soltura de Daniel para que se casem. “Eu queria fazer a festa aqui (HCTP), mas ela não quer. Ela também é evangélica e quer fazer na igreja dela. Mas o culto de ação de graças vai ser aqui sim”, conta o interno.

          Daniel tem perspectivas não somente para o casamento, mas também para a área profissional. “Quero trabalhar nos presídios, ajudando as pessoas. Não vou cair de novo, mas vou voltar para visitar o HCTP”, planeja ele.

 

*Nome fictício

© 2023 por Henry Calmon. Orgulhosamente criado com Wix.com

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