ESCOLA MÉDICO RUY DO REGO BARROS

Como em todos os colégios, a Escola Médico Ruy do Rego Barros, fundada em 1994, conta com professores, diretores, alunos, merenda, biblioteca e toda a estrutura necessária para um bom ensino. Se não fosse pela sua localização dentro do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Pernambuco (HCTP-PE) e pela sua estrutura física, ninguém seria capaz de identificar o único diferencial da escola: todos os alunos são apenados e portadores de transtornos mentais. Formados em filas para a execução do Hino Nacional, os estudantes se confundiriam com quaisquer outros jovens das outras escolas do Governo do Estado de Pernambuco.
Das 21 mulheres internas do HCTP-PE, 20 estão matriculadas na escola. São ao todo 365 estudantes que fazem ensino médio e fundamental através do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A escola conta com um intérprete de libras, Adriano Marinho, para seus 4 estudantes surdos-mudos.
A Escola Médico Ruy do Rego Barros conta com uma estrutura física diferenciada. São cinco turmas separadas apenas por colunas que chegam somente a cerca de um metro do chão. Ou seja, todos os alunos podem se ver durante as aulas, mesmo estando em turmas diferentes. “Temos essa estrutura porque trabalhamos na lógica da educação como socialização. Não ressocialização, porque alguns aqui não foram socializados ainda. Com essa divisão, facilitamos a tolerância, diminuímos a agressividade, todos convivem e se acostumam com a presença do outro. Isso ajuda no processo de humanização”, explica Paulo Sérgio de Almeida, diretor da escola. O laboratório de informática do colégio encontra-se temporariamente desativado por conta de problemas na fiação. A biblioteca funciona normalmente.
Doze professores, além de diretor, secretária, psicólogo e educadores de apoio são responsáveis pelo colégio que funciona dentro do HCTP. Como os internos não são obrigados a estudar nem têm possibilidade de redução de pena, os profissionais da escola usam a merenda e a possibilidade de convívio com outras pessoas para atrair os pacientes para se matricularem. “Hoje mesmo (quarta-feira) é um dia difícil aqui. É dia de visita e muitos não têm família. Cerca de 40 deles não recebem ninguém. Isso os deixa agitados, nervosos e aumenta o nível de ansiedade. A escola é uma forma de se distrair e ver pessoas”, comenta Roberto Pontes, psicólogo.
A Escola Médico Ruy do Rego Barros participa do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e seus alunos fazem também o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).